6 de outubro de 2016

Texto do livro Histórias de carreiros, de Rogério Corrêa

Texto do livro "Histórias de carreiros", de Rogério Corrêa

Quase foram esmagados pelo carro de boi

Ari Gonçalves Roça, 75 anos, em outro causo, lembrou que para fazer todos os serviços da fazenda, sempre possuíram pelo menos dezesseis bois de mais de 20 arrobas
cada um deles.
Com essa quantidade de bois, era possível fazer revezamento entre os animais na moagem e no carrear.
Ele contou que houve uma época, quando era bem novo que nem calçava botina. Se recorda ter calçado a primeira botina com 12 anos de idade, e elas foram um presente dado por um de seus irmãos mais velhos. No início não gostou daquilo, porque apertava seus pés; era desconfortável purdemais!
Em uma das viagens que faziam semanalmente de carro de boi, indo da fazenda até o Rio Paranaíba, transportando rapaduras, ele acompanhou o pai dele.
Conforme o horário que saíssem, tinham de dormir no caminho. Dessa vez, especificamente, aconteceu de eles pararem o carro de boi em um pasto, debaixo de uma árvore; soltaram os bois e cavalos, cortaram capim para servir de colchão e de travesseiro e buscaram lenha para preparar o alimento.  Eles levavam pouca coisa, para não ocupar muito espaço: somente o de comer, um lençol e cobertas de lã. Achavam muito bom dormir debaixo dos carros de boi. Eram camas improvisadas, porém, macias, pois usavam o capim, jogavam o cochinil para arreio em cima do capim, depois o lençol e dormiam tranquilamente.
Naquela noite adormeceram cedo. Ao acordarem, se depararam com o eixo do carro de boi quase encostado em seus corpos. Saíram dali com certa dificuldade. Aquele susto que quase lhes tirou a vida, pois a carga era muito pesada e por pouco não foram amassados durante a noite.
Quando o pai dele analisou mais friamente o terreno, entendeu o motivo do carro de boi ter atolado tanto, e descobriu que naquele local já foi um formigueiro, e, por isso, a terra estava mais fofa.
Depois de se recomporem do assombro, tomaram café buscaram os animais, retiraram o carro do atoleiro e seguiram viagem, pensando no ocorrido.

Ficou a saudade. Para extingui-la um pouco, os filhos dele fazem questão de leva-lo às festas de carros de boi para ele matar a grande saudade. 

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