11 de junho de 2016

Os amigos de sempre, da escritora Maria Montillarez

Trecho do livro "Os amigos de sempre" de Maria Montillarez:

NOTA DA AUTORA

Meus amigos,
Recorrer ao hábito, ao agradável, muitas vezes exige que socialmente nos justifiquemos e, por isso,
justifico em todos os meus livros as opções que faço pelo modo coloquial na construção de chegar em casa ao invés de chegar a casa.
Já apelei para linguistas, que certamente compreenderam minhas necessidades de chegar em casa, por ocasião das outras obras; já apelei para a condescendência dos amigos gramáticos e até para a licença poética. Naquelas obras, supliquei perdão aos amigos defensores da Gramática Normativa por usar a preposição em posposta ao verbo de movimento chegar, em vista d'eu preferir chegar em casa, que é de uso corrente na fala, e não chegar a casa.
Renovo o pedido de salvo-conduto, exceto para meus textos científicos, e contente optarei sempre por chegar em.
Preocupa-me, no entanto e sobremodo, toda sorte de hermetismos, sejam eles religiosos, políticos, gramaticais... Não defendo a desordem; é certo que é preciso existir normatizações, padronizações... Contudo, aquelas normas que não atentam contra a vida, quando infringidas, algumas vezes podem levar à reflexão. É inegável que a evolução da língua se dá também pelo exercício de infrações. Tais infrações vão se popularizando ali, sofrendo dissecações acolá e, em muitos casos, culminam em serem absorvidas pelos melhores dicionários, aceitas pela norma culta — quando perfeitamente definidas e delimitadas ao modo aceitável de uso.
O hermetismo gramatical, felizmente, possui a propriedade de exercer a complacência — mas não sem relutar.
Transgrido consciente, indo além do uso de neologismos, quando construo toscamente o modo coloquial em minhas obras, evitando cometer a desgraça de ser entendida apenas pelo seleto grupo conhecedor do IPA (Alfabeto Fonético Internacional (em inglês, International Phonetic Alphabet). Ouso tentar produzir uma linguagem, cujos códigos possam ser identificados por todas as alas sociais, independente de o objetivo de todo aquele que lê ser o entretenimento ou a didática.
O mundo da Literatura foi a porta que encontrei para escapar ao hermetismo do mundo real. Na ficção, vive-se.

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